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Stranger Things 4 - Parte 1
“Stranger Things” foi um dos fenômenos mais inesperados da história da TV, desde o lançamento da sua primeira temporada não imaginaríamos a proporção que seus personagens iriam tomar. Seu ponto mais baixo foi na terceira temporada na qual mostrou grande incerteza em não saber quando era hora de acabar e nos deu uma história superficial tendo como vantagem apenas a adição de alguns novos personagens.
Após um hiato de três anos o programa retorna muito mais maduro e sabendo para onde ir. Já com a consciência de que finalizará numa futura quinta temporada esta primeira parte em 2022 surge de forma objetiva e nos prepara para o seu ano final. Os personagens estão mais maduros e junto a eles temos os desafios da adolescência. Nos é aprofundado o grande vilão de toda a saga junto com muitos detalhes que as outras temporadas nem sonharam em nos mostrar. Focar num “ser físico” apenas e não em um “monstro gigante” foi um dos pontos mais assertivos desta temporada. Somos mais uma vez inseridos num turbilhão de arcos, alguns são mais interessantes do que outros. O melhor arco (disparado) é o da turma de Hawkins, o arco na Rússia é o pior (muito cansativo e repetitivo). O arco de “Eleven” fica interessante apenas no sétimo episódio. Toda a carga dramática é fornecida a “Max” que nos entrega uma das melhores atuações desta primeira parte (O quarto episódio é o melhor).
O maior problema não está no roteiro em si, muito menos na excelente produção. O roteiro teve todo o “ano da pandemia” para ser refinado e melhorado, isso foi muito bom para a trama. Meu problema ainda está na tradicional forma de exibição desses episódios. A quarta temporada marca a ideia de que o estilo “maratonar” temporadas é ultrapassado. Nos entregar nove horas de conteúdo de uma vez é mesma coisa que nos obrigarem a comer “uma deliciosa travessa de lasanha” em cinco minutos. E precisamos consumir este conteúdo de uma vez, do contrário iremos receber “aquela” spoiler na internet. Imagine se esses nove episódios fossem exibidos semanalmente, algo que apenas faz barulho em três ou quatro dias (no máximo uma semana, por causa da estreia da nova temporada de “The Boys”), teria uma repercussão em mais de dois meses.
Imaginem se esses episódios fossem “degustados” toda semana. O episódio quatro teria um destaque ainda maior, quantos vídeos de “reação” seriam postados na internet, quantos programas com conjecturando sobre os próximos passos tramas nós teríamos para desfrutar no “YouTube”, quantos detalhes fornecidos nessas longas nove horas nós iríamos receber melhor caso fossem separadas, afinal, são tantos anos de trabalho para serem consumidos de uma só vez. Pense: Quantos minutos nós absolvemos comparada a todas essas horas assistidas de uma só vez? Pouquíssimos! A fase para “maratonar” algo já era! Não estamos mais 2016 (ano de lançamento da primeira temporada) quando mal tínhamos o que assistir na TV. Quando apenas a Netflix era o fenômeno. Agora existem muitas séries semanais, várias estreias e consumir toda essa boa trama de uma só vez termina apagando os riquíssimos detalhes que a série nos proporciona só pelo fato de “precisamos chegar muito rápido no final para não tomar spoilers”. Pelo menos separaram as quase quatro horas finais para julho. Isso já nos dá um alívio e tempo para processar e conjecturar o que vem por aí.
Esta temporada já supera a terceira só nesses episódios inicias pois nos entrega revelações de mistérios muito úteis para a trama geral. O ‘plot twist’ do final é muito cirúrgico pois junto todas as sub tramas num arco principal, faz isso com maestria e precisamente nos últimos dez minutos dessa primeira parte. Tal habilidade requer muito talento dos roteiristas. Sempre com uma carga nostálgica e com muitas referências no gênero “terror”, a quarta temporada de “Stranger Things” tem tudo para ser o melhor ano da série. Veremos se tal fama concretiza-se em sua conclusão parcial no mês de julho.
Joinhas:
4
Por:
@eduardomontarroyos1
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